Sonic Unleashed

Um passado brilhante. Quando estreou, em 1991, Sonic the Hedgehog era o tão sonhado mascote da SEGA, pronto para brigar frente a frente com Mario. Em pouco tempo, se tornou um ícone, e um dos personagens mais famosos do mundo.

Mas o futuro o condenaria. A SEGA se deu mal na corrida pelos consoles, a equipe mudou e a qualidade, caiu. E muito. Sonic sofreu com Sonic Heroes, Shadow the Hedgehog e o patético "Sonic 2006", o qual a SEGA ousou utilizar o mesmo nome do original. Sonic estava fadado ao fim.

Eis que surge uma luz no fim do túnel. Utilizando a novíssima Hedgehog Engine, Sonic Unleashed prometeu ser o renascimento do mascote e, mesmo que não signifique tudo isso, já foi um grande passo.

Sonic... lobo?

A história basicamente reedita aquele script famoso que estamos acostumados a ver - Sonic correndo atrás de Eggman, que planeja dominar o mundo. Mas as coisas não saem como esperado. O ouriço acaba caindo em uma armadilha, onde é transformado em um... lobisomem, ou lobisonic, como queira. Toda vez que o dia cai, Sonic se transforma.

Ao cair na Terra, Sonic acaba esmagando um pequeno ser que, assustado, não consegue lembrar sequer seu próprio nome. Mais tarde ele o chama de Chip, e os dois acabam formando uma grande amizade . Enquanto isso, Eggman segue com seu plano - ao espalhar as Esmeraldas dos Chaos mundo afora, ele causou a divisão do mundo, na intenção de acordar um antigo monstro que mora no centro do planeta. Resta a Sonic parar o cientista, restaurar os continentes e recuperar sua forma normal.

Viajando pelo mundo

O mapa - o globo terrestre - exibe os países que Sonic terá que visitar. Todos eles são baseados em localidades, mas usando nomes fictícios, como o primeiro país, Apotos, baseado na Grécia, ou Chun-Nan, na China. Há a parte de exploração, onde o ouriço conversa com os habitantes, e o portal para as fases, uma área separada da cidade, onde você terá acesso aos atos. As fases são destravadas através de moedas do Sol e da Lua, que Sonic coleta durante a ação, na cidade ou através de missões paralelas.

Dentro das fases é que você verá a maior novidade de Sonic Unleashed. Há variações de trechos 2D e 3D, em uma velocidade alucinante. Nas partes 3D, Sonic pode fazer drifts, que ajudam e muito em curvas onde sua velocidade está muito alta.

Isso, porém, pode ser um contra para muitos, já que em muitos trechos você irá simplesmente assistir e mal conseguirá perceber caminhos alternativos, algo possível apenas decorando a fase e jogando-a várias vezes. Não existem muitos trechos lentos, onde você joga da maneira antiga, explorando e saltando por plataformas.

Sonic ainda ganha várias novas habilidades para continuar a história, semelhante ao que tínhamos em Sonic Adventure, como a possibilidade de seguir uma linha de anéis.

Quando a noite cai, a coisa muda completamente. Sonic the Werehog é lento, e prioriza a exploração. O jogo também se torna um hack'n'slash, onde o objetivo é básico é bater em tudo e todos. Mesmo que isso não seja algo que combine com Sonic, há de se dizer que as fases são divertidas e com alguns puzzles bacanas, além de muitos trechos de plataforma. É como se fosse um pouco dos jogos antigos, mas sem a velocidade.

Ao derrotar inimigos, eles liberam cristais amarelos e, com isso, ambos - Sonic e Werehog - podem evoluir diferentes habilidades. Sonic, por exemplo, só conta com a velocidade e ataque. Já o Werehog pode ganhar diversos novos combos e especiais.

Nova engine, vida nova

A nova engine, desenvolvida pela SEGA durante 2 anos, foi uma tacada certeira. O estilo visual casa perfeitamente com o personagem. Os humanos, por exemplo, agora são caricatos, ao contrário do visual realista das versões anteriores, em especial quanto à versão de 2006. As fases e cidades são belíssimas, com lindas texturas e uma arte fora de série. Só o framerate que nem sempre se mantém, sofrendo algumas quedas.

Outros dois pontos muito melhorados foram a câmera, que agora praticamente não irá incomodar, e a jogabilidade. Muitos dos antigos problemas foram sanados, principalmente no controle em trechos de grinding, por exemplo, onde basta usar os botões L1 e R1 para mudar de trilho, a exemplo do que já vimos em Ratchet & Clank. Já os loadings, apesar de mais rápidos, ainda deixam um pouco à desejar. Mas, em comparação aos 30 segundos antigos, Unleashed passa de tela voando.

Já a parte sonora continua com a qualidade que você espera da série. Pode não ter as melhores músicas, mas basicamente todas agradam. Incomoda o fato das músicas do Werehog não mudarem muito, já que em alguns trechos não já qualquer som e na hora de bater, você aguentará a mesma trilha do início ao fim.

Muitos extras

A aventura principal não é curta, e mesmo com o fim da mesma, há muito o que fazer. Os troféus, por exemplo, fazem você explorar completamente o jogo. Há muitas missões paralelas para os habitantes, indo de testes de força a obrigação de coletar laranjas ou entregar presentes para o Professor.

Além das fases de dia e noite principais, há diversos outros atos que são mais curtos e completamente diferentes. Geralmente são fases mais curtas, mas nem por isso o desafio é menor.

Sobram ainda os extras em forma de arte, vídeos e músicas, todos eles comprados em lojas existentes em todos os países. Há muita coisa disponível, contando ainda com rascunhos e textos sobre cada habitante.

Finalizando

Sonic Unleashed pode não ser perfeito, mas é um excelente recomeço. Contando com uma engine interessante, grande variedade de jogabilidade e muita coisa a se fazer, este é, sem dúvida alguma, o melhor título do ouriço desde a despedida do Dreamcast.

É claro que a forma lobo pode afastar muita gente, mas esta parte acaba sendo surpreendentemente divertida e não um estorvo, como muitos imaginavam. Mas agora seria uma boa hora de dar um tapa na engine e fazer um novo título só com Sonic. E que o lobo fique apenas por aqui.